Último vôo de Brasília

O que faz uma pessoa sozinha dentro de um avião atrasado, numa pista, há duas horas? PENSA BESTEIRA...Claro...Eu queria fazer só isso durante esse tempo todo. Usei até a imaginação. Não podemos usar celular, tinha esquecido minha revista de Ciência, Psicologia e Antropolgia na casa da minha prima...então: Casei com o Keanu Reeves, fui viajar para a Dubhai e fiquei num daqueles hotéis feito de ouro, comprei um celular novo, escorreguei numa cachoeira de chocolate até que...uma das alegres passageiras que não paravam de conversar dentro do avião e atrapalhavam meus devaneios começou a chamar o aeromoço. Olha aqui seu moço...eu pedi para ficar na janela, mas a minha cadeira é uma janela sem janela!!!! Olhei para a senhora com seu batom vermelho rubi e uma roupa com 72 cores e 45 estampas diferentes...Realmente, ela tinha razão. Sua poltrona, teoricamente janela, não havia uma. Mas com todas as suas forças e vontade, a jovem senhora queria ficar na janela. Para pegar um ventinho? Não. Para dar tiauzinho para mamãe? Não. Para ficar olhando duas horas pela janela? Não!!!! Somente para dizer: ESTOU VIAJANDO NA JANELA! Mas ela não parava de reclamar e dizer isso! E a concordância veêmente de suas amigas já estava me irritando! Tava assim: Mulheres, Unidas, Jamais serão vencidas! De tanto barulho, cores, estampas e alegria! O aeromoço acabou arrumando um lugar novo para a jovem senhora. Pronto! Lá estava ela, feliz, alegre e com mais 89 estampas...Aquela roupa dela enchia de mais estampas quanto mais ela se movia. Ok! Não conseguia mais imaginar minha viagem para Portugal tomando vinho do Porto. Só a alegria daquela mulher viajando na janela. E falando alto. Que eu amo. E tirando vantagem...Que também acho o máximo! E estampas...que ainda estou aprendendo a aceitar. Ok. Tudo bem. Lá estava minha primeira crônica para meu blogg. Legal...Fiquei o resto da viagem imaginando como escreveria este ocorrido!